O que é uma biblioteca comunitária? Como ela nasce e quando dá frutos? A resposta para essas questões pode ser dada na prática e sem medo de errar tanto por professores e alunos do Conjunto Educacional Felipe Nicodemo, em São João Novo, quanto pelos moradores desse bairro são-roquense de 15 mil habitantes. É que esta instituição de ensino abriga desde julho de 2007 a biblioteca comunitária Ler é Preciso – um projeto que faz parte de uma rede de bibliotecas em todo o Brasil dirigido pelo Instituto Ecofuturo (Organização Não-governamental que trabalha em projetos que unem educação e meio ambiente, visando a difundir conhecimento e práticas individuais e coletivas de sustentabilidade) em parceria com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), responsável pela execução técnica dessa bem-sucedida iniciativa pedagógica.
Para o professor Élio Carlos Branco, diretor da escola Felipe Nicodemo, as bibliotecas comunitárias têm como principal missão incentivar a formação de leitores por meio de acesso a livros de literatura de qualidade, além de fortalecer o próprio projeto pedagógico das escolas, promovendo a integração entre a comunidade e a instituição de ensino. “Hoje, as crianças e os jovens por serem muito ligados à internet costumam simplificar a linguagem, desenvolvendo um vocabulário muito pobre”, comenta. “Os livros são a melhor resposta para melhorar essa realidade”, afirma.
“Desde a implantação da biblioteca em São João Novo, há quase seis anos, os índices de rendimento evoluíram ano após ano, gerando uma diminuição da evasão escolar”, relata Branco. Tais resultados confirmam os estudos do Instituto Ecofuturo: nas instituições onde há uma biblioteca comunitária, a desistência de alunos é 46% menor se comparada às escolas de perfil convencional. A taxa de aprovação, por sua vez, é 156% maior do que naquelas que não oferecem esse modelo educacional.
Para a professora Maria Ida de Queiroz Souza, uma das líderes dos projetos “Roda de Leitura” e “Contadores de histórias”, é nítido o desenvolvimento dos estudantes que passaram a frequentar a biblioteca e a participar das oficinas de leitura, seja dentro ou fora da escola. Um legado amplamente positivo que gerou ótimos frutos na comunidade local. “Vários alunos, como a minha filha Geovana, escolheram uma profissão por causa dos livros”, diz. “Aos 16 anos ela já está no primeiro ano do curso de Letras”, conta orgulhosa.
Parceria entre a Prefeitura de São Roque, o Instituto Ecofuturo, a FNLIJ e o apoio do Empreendimento Parque Catarina – complexo que abrange um shopping outlet, um centro empresarial e o futuro Aeroporto Executivo de São Roque –, a biblioteca comunitária de São João Novo dispõe hoje de um acervo com mais 2.000 livros, sistema informatizado, auxiliar de biblioteca e professores-promotores de leitura (contadores de história). Seu funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 9h às 12h.